“Após 7 meses do ocorrido nós da família ainda não temos notícias sobre meu irmão e nem sobre a localização do avião”, escreveu Wallace Brito em um trecho do post no Twitter. A família mobiliza as redes na tentativa de chamar a atenção das autoridades para que retomem as buscas.
“As autoridades querem que eu aceite “morte presumida”, mas não me trouxeram até hoje nem o corpo morto dele, então aguardo meu filho vivo. Preciso que retornem as buscas pela fuselagem, para termos certeza de que ele não está lá preso ou que ele esteja em alguma mata sendo cuidado por alguém e sem consciência da realidade dele.” detalhe a mãe do copiloto, Ana Regina Agostinho, de 44 anos, no pedido do abaixo-assinado virtual.
A esteticista cobra das autoridades mais empenho e detalhes do trabalho de resgate, com hashtags como #achemoaviao e #asbuscasnãopodemparar.
“Cadê o Junior? Ele não é estrangeiro, mas ele tem direito. Não é só as pessoas de fora que tem direito a uma resposta”, disse Ana, que vive esses meses movida pelo desejo de encontrar o filho.
Em uma das postagens compartilhadas nas redes sociais, Ana fala sobre a saudade do filho e esperança.
“Meu filho, desde que você está longe de mim sobrevivo, pois a tristeza tomou conta do meu ser. É um misto de esperança e desespero, de saudade e mais saudade… Ter você tão longe é como ter metade do meu coração arrancado do meu peito. Mas apesar de ser difícil de aguentar, é o nosso amor que me dá forças para continuar à espera do momento em que voltaremos a estar juntos. E nem que fosse uma eternidade, ou mais, eu esperaria por você, pois eu amo você mais do tudo na vida!”, escreveu.
Acidente
O bimotor Piper Aircraft havia decolado de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro para Campinas, no interior de São Paulo, por volta das 8h de 24 de novembro de 2021 e retornaria no mesmo dia. Segundo Ana Regina, o avião foi comprado pelo ex-marido dela e já havia sido vendido, mas permanecia no nome de Júnior porque faltavam parcelas a serem quitadas. Estava com a manutenção em dia, mas não tinha autorização para operar como táxi aéreo.
Além de Júnior, estavam na aeronave o piloto Gustavo Carneiro, de 27 anos, e o empresário Sérgio Alves Dias Filho, de 45. Os planos eram de retornar ao Rio às 17h, mas os compromissos atrasaram e eles embarcaram de volta pouco antes das 20h30.
O corpo do piloto Gustavo Carneiro, de 27 anos, foi localizado no dia seguinte ao acidente por equipes da FAB. Júnior e o empresário seguem desaparecidos.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou uma manifestação nesta quarta-feira para o Supremo Tribunal Federal (STF) em que classifica como legítima a atuação do Ministério da Defesa ao encaminhar sugestões ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o funcionamento das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral.
O parecer foi dado em uma ação em que um advogado pede investigação e acusa o general Marco Antônio Freire Gomes, o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior e o almirante Almir Garnier Santos de supostos crimes de terrorismo e de tentativa de “abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”.
Segundo o autor do pedido, as Forças armadas lançariam mão de “ameaças veladas e às vezes abertas” às eleições. O caso está com a ministra Rosa Weber, que solicitou a manifestação da PGR.
No parecer assinado pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, o pedido de investigação não deve ser acolhido, e representa um “possível inconformismo particular à atuação, em princípio, legítima do Ministério da Defesa”.
“Com a devida venia, qual terrorista ou transgressor da ordem democrática identificar-se-ia ao presidente do TSE em documento oficial com sugestões para o alegado aprimoramento e a ampliação da transparência do sistema de votação?”, diz Araújo.
“Para mais, não se vislumbra indícios de materialidade e de autoria no fato de, por meio de expediente teoricamente subscrito por Ministro da Defesa, as Forças Armadas não se sentirem “devidamente prestigiadas” ou no fato de Paulo Sergio Nogueira afirmar que “secreto é o exercício do voto, não a sua apuração”.
Segundo a PGR, “o Ministro da Defesa não tenta nem ameaça abolir a urna eletrônica ou o método empregado nas últimas eleições, mas sim propõe diretamente ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral medidas aditivas sob o pretexto da melhoria da apuração”.
As Forças Armadas foram convidadas em 2021 pelo ex-presidente da Corte Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, a integrar o Comitê de Transparência das Eleições (CTE).
Isso ocorreu diante da insistência do presidente da República Jair Bolsonaro questionar, sem provas, a confiabilidade das urnas eletrônicas, usadas há mais de 20 anos nas eleições do país sem qualquer caso de fraude comprovado.
Desde o início do ano, o ministro da Defesa e o presidente da Corte Eleitoral, ministro Edson Fachin, têm trocado uma série ofícios. O general Paulo Sérgio Nogueira Oliveira tem cobrado que o TSE acate as sugestões feitas por militares.
Em um documento enviado no dia 10 de junho, o ministro disse que as Forças Armadas, convidadas a participar da comissão, não se sentiam prestigiadas e cobrou medidas para eliminar divergências.