O policial penal Raimundo Dioenes da Cunha Vieira, o “Raimundão”, que responde por quatro crimes denunciados pela ex-companheira, inclusive um estupro ocorrido no estacionamento da Hawan, em Rio Branco, acaba de retirar a tornozeleira eletrônica. E está autorizado a viajar para Brasília, para integrar uma força tarefa de intervenção penitenciária, com a missão de debelar motins, fugas e outras alterações.
A notícia deixou indignada a vítima (ouça a entrevista dela mais abaixo) e levanta sérias dúvidas sobre a ética com que a assistência jurídica da Associação dos Policiais Penais do Acre presta aos seus associados.
O servidor só viaja se o diretor presidente do Iapen autorizar, e no caso de Raimundão, o presidente do instituto, Arleilson Cunha, deu a ordem, apesar de ter a prerrogativa de enviar qualquer outro policial penal do quadro efetivo.
Ramundão vai com o salário superior a R$ 7 mil, diária paga pelo Departamento Nacional (valor padrão), mais alimentação, hospedagem, e ainda retorna ao estado de orígem com currículo profissional enriquecido.
A vítima, na entrevista abaixo, diz que ficou desamparada pelo advogado Alfredo Severino Jares Daou, que teria lhe negado assistência no momento em que foi agredida, mantida em cárcere privado e estuprada. Mas estranha que o mesmo advogado seja o autor do pedido para que “Raimundão” remova a tornozeleira e seja transferido “para trabalhar fora do Acre”,
O advogado argumentou que em Brasília o acusado manteria a distância preconizada na medida de segurança. O juiz acatou o argumento, e diz que a transferência se sustenta pelo fato de Raimundão, enquanto o preso, não representou perigo para a vítima.
“Ele vai me matar”, teme a mulher, que tem acompanhamento psicológico, paga advogado do próprio bolso (embora recolha sua contribuição como associada regularmente) e vive com medo na companhia de um filho menor.
Na entrevista ao jornalista Assem Neto, na noite desta sexta-feira, ela revela fatos novos, como o sumiço das câmeras de segurança do Estacionamento da Hawan, onde ele sofreu violência sexual. E sugere que os privilégios a Raimundão sejam resultado da grande influência que ele exerce inclusive junto ao diretor do Iapen, Arlenilson Cunha.
Um inquérito policial ainda não está concluído, em que apura a acusação de que o policial penal esmurrou a companheira no ambiente de trabalho, na intenção de provocar um aborto ao tomar conhecimento de que ela estaria grávida dele. Raimundão foi indiciado, também, por assédio sexual e moral contra a colega de trabalho porque na época em que iniciou o romance com a policial penal ele ocupava o cargo de superior hierárquico na função de diretor do Departamento de Segurança do Instituto de Administração Penitenciaria do Estado do Acre.
Dias depois, ele foi preso por violar as medidas protetivas em favor da vítima, passando a seguir a mulher quando ela caminhava no Parque da Maternidade.