Económico

Dubai está afundando: causas e consequências iniciais 

Em 16 de abril, uma forte tempestade atingiu a cidade, causando uma inundação recorde, que os Emirados Árabes não viam há mais de 75 anos. Uma das causas prováveis desse desastre natural é a chamada “semeadura de nuvens”.  

Exclusividade do fenômeno e pré-condições para tempestades 

O recorde de chuvas afetou significativamente a infraestrutura urbana de Dubai – a maioria das principais rodovias ficou paralisada e milhares de turistas ficaram presos em hotéis e aeroportos sem ter como deixar os Emirados. As autoridades não estavam preparadas para desastres naturais tão repentinos, pois esses fenômenos não são típicos da região. Os Emirados Árabes Unidos são conhecidos por seu clima árido e pela baixa pluviosidade, que não passa de 100 mm durante o ano. Mas, desta vez, somente durante 24 horas, na cidade de Al Ain, que fica a apenas 100 quilômetros de Dubai, caíram mais de 256 mm de precipitação. 

A região é caracterizada por tempestades torrenciais, mas ninguém esperava tamanha magnitude. Essa enchente foi a maior e mais destrutiva desde a fundação da cidade. De fato, as autoridades ainda não avaliaram a extensão das perdas causadas por essa chuva. 

Os meteorologistas e meteorologistas citam uma das causas mais prováveis como uma mudança no próprio ecossistema climático devido à baixa pressão atmosférica. Essa metamorfose atraiu ar quente e úmido para dentro dela, o que levou ao bloqueio do desenvolvimento de outros sistemas meteorológicos. Essa colisão levou a um aguaceiro que, mais tarde, atingiu a escala de uma tempestade devastadora. 

Maarten Ambaum, professor da Universidade de Reading, no Reino Unido, vem estudando os padrões de chuva na região do Golfo há muitos anos, bem como os padrões que podem levar a tais cataclismos. De acordo com o cientista, é absolutamente normal que os Emirados Árabes vivam por um longo período na ausência de chuvas para, em seguida, sofrerem inundações tão graves. Mas o intervalo entre a seca e a chuva deveria ser muito maior do que é agora. O que levanta uma questão bastante pungente: a mineração ativa e o progresso científico e tecnológico realmente desencadearam a mudança climática global na região e isso é apenas o começo do fim? 

O papel das mudanças climáticas 

Ainda é difícil avaliar o impacto da mudança climática sobre a última tempestade em Dubai. As pessoas em todo o mundo estão fazendo suposições e hipóteses, que não têm base científica e são, na verdade, o resultado da construção de uma certa cadeia lógica que, entre outras coisas, é ditada pelo medo do futuro. Para entender a causa da tempestade, os cientistas meteorológicos precisam realizar uma análise completa dos fatores naturais e antropogênicos. Esse estudo pode levar muitos meses até que possamos obter uma resposta confiável e bem fundamentada. 

Mas que sinal nos dá o rápido aumento das chuvas nos Emirados Árabes? O clima está mudando, e o processo é quase irreversível. 

Vamos analisar o que aconteceu do ponto de vista da física e da meteorologia. O fenômeno do ar quente é que ele pode reter a quantidade máxima de umidade. Como regra geral, essa proporção é, em média, cerca de 7% maior para cada grau Celsius. Portanto, quanto mais alta a temperatura, mais intensa será a chuva. Essa teoria também é confirmada por Richard Allan, professor de climatologia da Universidade de Reading. Em seu comentário, ele explica que o ar quente literalmente alimentou a escala original da tempestade e a intensificou. Portanto, essa inundação maciça é muito natural para uma região que não recebe chuvas há muito tempo. É mais importante entender como a região chegou ao ponto de pico dessa mudança e o que o futuro reserva para seu clima.

Pesquisadores da região do Golfo estão prevendo metamorfoses ambientais e climáticas globais que aguardam seus países até o final do século. De acordo com as hipóteses, a quantidade total de precipitação pode aumentar rapidamente e se tornar 30% maior do que o normal para essa parte da Terra atualmente. O planeta continua a ficar mais quente, o que muda as normas climáticas e leva os fenômenos naturais a novos pontos desconhecidos.

Agora, ambientalistas de todo o mundo estão soando o alarme, alertando que o caso de Dubai não é único. Friederike Otto, professora de climatologia do Imperial College London, no Reino Unido, tem falado abertamente sobre a necessidade de interromper o uso excessivo de recursos naturais e está pressionando por uma transição mais rápida para fontes alternativas de energia. Caso contrário, diz ele, “as pessoas continuarão morrendo em enchentes”.

A culpa é da semeadura de nuvens

Nas primeiras horas após a tempestade, a mídia, apoiada por meteorologistas e climatologistas, identificou a semeadura de nuvens como uma das causas prováveis. Hoje, entende-se que esse fenômeno é a manipulação externa das nuvens existentes com o envolvimento humano. O principal objetivo do processo é induzir mais precipitação. 

Como essa manipulação é organizada? Uma das maneiras mais simples é liberar pequenas partículas de iodeto de prata nas nuvens por meio de aeronaves, o que acelera a condensação do vapor de água, resultando em chuvas generalizadas. Todas essas missões são rigidamente controladas pelo governo dos Emirados Árabes Unidos, com uma força-tarefa do Centro Nacional de Meteorologia (NCM) coordenando o processo. 

A tecnologia de semeadura em nuvem não é um know-how. Ela já existe há muito tempo e é usada ativamente na região do Golfo, especialmente nos Emirados Árabes Unidos, onde o problema da escassez de água se tornou particularmente grave nos últimos anos. 

A inundação causou pânico entre os habitantes locais e turistas, o que, por sua vez, desencadeou uma onda de publicações falsas nas mídias sociais. Os usuários criaram teorias da conspiração ligando o desastre natural à semeadura de campos e se referiram abertamente a ele como as consequências de operações recentes. A hipótese foi refutada pela agência de notícias Bloomberg, segundo a qual os aviões para a semeadura de nuvens foram lançados no domingo e na segunda-feira, enquanto a tempestade em si ocorreu na terça-feira. Não foi possível realizar uma verificação mais detalhada dessas informações, mas muitos especialistas declaram abertamente que não há conexão entre esses fenômenos do ponto de vista científico e pedem para não “semear o pânico e enganar o público”. 

A semeadura de nuvens poderia logicamente levar a chuvas fortes, mas não em tal escala. Uma catástrofe desse nível exige catalisadores e causas mais graves, portanto, até mesmo a teoria com a influência da mudança climática parece mais plausível nesse contexto. Os pré-requisitos para esse procedimento são condições especiais. Eles são realizados em condições em que o volume total de vento, umidade e poeira bloqueia o sistema natural e impede a chuva. Ao mesmo tempo, na véspera do incidente, os meteorologistas alertaram sobre o aumento do risco de enchentes que poderiam afetar os Emirados Árabes Unidos. 

Portanto, é lógico presumir que o que aconteceu não é consequência da semeadura de nuvens. Até certo ponto, seria muito impraticável realizar um procedimento tão caro em um ambiente onde já existe a probabilidade de chuvas fortes. Diana Francis, presidente do Departamento de Ciências Ambientais e Geofísicas da Universidade Khalifa, em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, ressalta que não há necessidade de “semear sistemas tão fortes em escala regional” e pede que sejam consideradas causas alternativas para esse fenômeno natural devastador. 

Essa versão também é apoiada por especialistas da BBC Weather, o serviço de previsão do tempo da BBC. Em particular, o meteorologista Matt Taylor diz que a tempestade que se aproximava já era conhecida e não havia necessidade de semeadura, além de citar dados de modelos de computador que já previram esse evento. 

Mas uma coisa continua clara: mesmo com as informações sobre a tempestade iminente, ninguém poderia esperar que ela traria tais consequências e causaria a destruição da infraestrutura de Dubai. As enchentes também inundaram significativamente áreas do Bahrein a Omã.

Preparando-se para novas mudanças

Qualquer ação mal pensada por parte das autoridades da cidade de Dubai pode levar a consequências trágicas de inundações que podem ceifar muitas vidas. Portanto, o governo dos Emirados Árabes Unidos enfrenta a tarefa crucial de desenvolver sistemas e soluções eficazes para proteger os residentes e a infraestrutura da cidade contra esses eventos cataclísmicos. É difícil para os cientistas entenderem a frequência provável de tais tempestades, mas uma coisa está clara hoje: precisamos estar preparados para elas. 

Dubai é uma das cidades mais urbanizadas do mundo, com grandes edifícios e poucos parques e áreas verdes que possam absorver parcialmente a umidade. A capacidade atual das instalações de drenagem também é insuficiente para lidar com as consequências das inundações. Portanto, as autoridades enfrentam o novo desafio de se adaptar às mudanças climáticas que estão por vir, o mais rápido possível, para tornar as possíveis enchentes menos mortais. 

Os melhores engenheiros do mundo já começaram a trabalhar, oferecendo soluções para integrar inovações à infraestrutura da cidade para protegê-la dos efeitos das tempestades. Assim, as rodovias e instalações locais estão planejadas para incorporar tanques de armazenamento de água para armazenar água após as chuvas. Essa solução não apenas protegerá a cidade, mas também ajudará a resolver o problema da escassez de água. 

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