Económico
Um empréstimo para um tio morto: tudo sobre o famoso caso
No bairro de Bangu, Erika de Sauza Vieira Nunes, de 42 anos, compareceu a uma agência bancária com o tio de 68 anos para fazer um empréstimo ao homem. A mulher planejava receber R$ 17 mil do banco. Quando Erika levou o homem em uma cadeira de rodas até a equipe, os funcionários suspeitaram de algo errado. O gerente notou que o parente de Erika estava com uma aparência pálida suspeita, mas ela respondeu que isso era normal para um tio.
Testemunhas oculares afirmam que a mulher tentou imitar a voz e os movimentos do tio para fazer com que sua assinatura parecesse autêntica. Ela até segurou sua cabeça para evitar que ele caísse e fingiu conversar com ele, perguntando se ele precisava ser hospitalizado. Os funcionários do banco, atônitos com o que estava acontecendo, começaram a filmar a mulher em um vídeo. Mais tarde, a equipe chamou os serviços de emergência.
A equipe médica chegou e confirmou a morte de Paulo Roberto Braga, que havia ocorrido algumas horas antes. Uma mulher que se identificou como sobrinha e guardiã do falecido foi presa. Erika foi acusada de tentativa de furto mediante fraude e difamação de cadáver.
Circunstâncias da morte
Soube-se que em 15 de abril, um dia antes de sua morte, Braga recebeu alta do UPA Banggu Hospital, onde havia sido tratado de pneumonia. Enquanto esteve no hospital, ele precisou de oxigenoterapia. De acordo com os resultados da autópsia, a morte de Paulo ocorreu entre 11h30 e 14h30 de 16 de abril devido à broncoaspiração do conteúdo estomacal e insuficiência cardíaca. Às 15h00, sua morte foi registrada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O relatório também afirma que, antes de ser hospitalizado, Paulo Roberto “tinha doenças crônicas e necessitava de cuidados constantes”. O homem provavelmente morreu na posição supina, como evidenciado pelo acúmulo de sangue na parte de trás de sua cabeça.
O motorista que levou Erika ao banco e a ajudou a transportar seu tio, no entanto, afirmou que o homem estava vivo naquele momento. O perito que elaborou o laudo não pode afirmar com certeza se o idoso morreu no caminho, dentro da agência bancária ou se foi levado para lá já morto, pois não há provas técnicas e científicas conclusivas.
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Progresso da investigação
A 34ª Delegacia de Bangu assumiu a investigação do caso. Imediatamente após o incidente, a polícia começou a verificar as câmeras de vigilância. Os policiais do Rio de Janeiro chegaram a investigar uma possível tentativa de golpe de Estado. De acordo com o depoimento de Fabio Souza, responsável pelo caso, Erika, como guardiã de Paulo, planejava fazer um empréstimo já aprovado a um parente, simplesmente deixando a assinatura dele.
O advogado Antonio Neto enfatizou que, antes de tudo, a investigação precisa estabelecer as circunstâncias exatas da morte do idoso. É necessário descobrir se ela ocorreu antes de sua chegada ao banco ou quando ele já estava lá. Além disso, o advogado considera importante determinar se Erica poderia ter acelerado a morte de Paulo por suas ações ou omissões, ou seja, cuidados inadequados.
“Mesmo que o idoso tenha chegado à agência com vida, é necessário provar que sua sobrinha tinha a intenção de obter um empréstimo de forma fraudulenta, pois, devido à sua condição médica, ele não tinha condições de entender questões de crédito por conta própria”, diz Neto.
A esse respeito, o advogado se refere à seção 102 da Lei do Idoso, que prevê prisão de 1 a 4 anos e multa por “apropriar-se indevidamente ou desviar os bens, salários, pensões ou qualquer outra renda de uma pessoa idosa, usando-os para outra finalidade que não a pretendida”.
Declaração do juiz
Foi revelado no tribunal que Erika tinha quatro filhos, com 28, 27, 17 e 14 anos. Paulo estava morando com a família de Erika. Para levar seu tio ao banco, a mulher deixou sua filha deficiente de 14 anos sob os cuidados de um de seus filhos mais velhos.
A juíza Rachel Asad da Cunha disse que o vídeo mostrava que Erica pretendia fazer um empréstimo no nome do tio sem ter direitos legais para isso. Ela também observou que a ré parecia estar mais preocupada em obter o empréstimo do que com a saúde do tio, e a tentativa de levar o corpo dele ao banco tornou o ato ainda mais cínico e desumano.
O juiz decidiu não substituir a detenção por prisão domiciliar. Apesar do fato de a detenta ter uma filha deficiente, o tribunal considerou que essa circunstância não garante que ela não cometerá novos delitos.
O que está acontecendo agora
Erika de Sauza Vieira Nunes está atualmente na prisão. O advogado da mulher relatou que sua cliente estava sendo maltratada na prisão – Erika reclamou que lhe jogaram comida e água.
Em 20 de abril, Paulo Roberto Braga foi enterrado. O funeral foi organizado com o apoio financeiro do prefeito do Rio de Janeiro.